segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tragédia do Rio de janeiro: Realengo na Escola Tasso da Silveira.

Na manhã desta quinta-feira (07), no Rio de Janeiro, aconteceu o pior massacre numa escola brasileira. As tragédias que pareciam acontecer só em notícias vindas dos Estados Unidos, se tornaram reais demais, dolorosas demais.
As crianças entram na sala como crianças entram em qualquer sala de aula no Brasil. As professoras Patrícia e Leila conversam antes de entrar nas classes. A partir daqui, nada nesse dia seria normal.
Estas imagens inéditas mostram que, às 7h45, o assassino Wellington Menezes de Oliveira se aproxima do portão da escola, mas não entra. Algum tempo depois, volta. Ele é ex-aluno, e por isso consegue entrar sem problemas.
“Há uma semana, ele foi à secretaria da escola e pediu a segunda via do certificado de conclusão do ensino fundamental. E ele retornou na quinta-feira pra buscar essa segunda via”, afirma Marisa de Macedo, coordenadora da escola.
Na secretaria, no térreo, ele pergunta pela professora Dorotéia, que tinha sido sua professora de português. Ela está na sala de leitura do primeiro andar, junto com a coordenadora Marisa.
“Ele chegou e perguntou pra Dorotéia: "A senhora se lembra de mim?". Aí a Dorotéia falou: "Claro, você foi meu aluno. Eu só não lembro do seu nome. E ele sentou numa cadeira próxima a nós”.
Wellington sai da sala de leitura e anda pelo primeiro andar. As imagens exclusivas mostram que ele chegou a subir para o segundo andar. O criminoso passa na frente das salas e volta para o primeiro piso. Wellington para na frente da sala da professora Leila. E entra.
“Aí meu amigo falou: ‘é tiro, é tiro’. Aí a professora, pra mim: ‘foge, foge’. Aí fugimos eu e meu amigo. Mas o resto da turma ficou”, conta um aluno.
As câmeras internas continuam gravando e mostram que algumas crianças conseguem escapar. Luciano Lourenço, professor de Geografia da sala ao lado, as ajuda a sair.
“Eu observei os movimentos dele e pelo vidro eu vi que ele voltou para dentro da sala e tinha parado de atirar por um momento. Sabia que eu tinha um tempo para poder correr e chamar alguém para ajudar”, conta Luciano.
“Eu caí numa poça de sangue que tava na porta da sala. Aí depois eu levantei e saí correndo”, diz outro aluno.
Com o barulho dos tiros e da confusão, os estudantes do andar de cima, o segundo, correm para se esconder no auditório. Mas o assassino estava no primeiro andar, onde fica a sala da professora Patrícia. Os alunos dela também começaram a fugir. Os que não conseguem escapar assistem à entrada do assassino. Começava a pior parte do massacre.
“Aí o cara chegou lá atirando. Aí todo o mundo pedindo: "Pelo amor de Deus", mas ele atirava sem piedade. Eu me escondi. E depois quando ele foi carregar a arma, eu fui para onde tava o menino morto e me escondi lá para ele pensar que eu tava morto”, relata um aluno.
“Entrou atirando nas garotas. E as garota se juntaram tudo num canto. Aí ele foi nas garotas direto”, conta um estudante.
“Quando ele ia lá recarregar a arma, quando ele voltava, eu ficava orando. Aí quando ele voltava, eu ficava falando toda a hora assim. Aí na segunda vez ele já falou: "Fica tranquilo, gordinho, que eu não vou fazer nada contigo, não”, conta um aluno.
O policial sobe para o primeiro andar. Na escada, ele avista o assassino, e atira.
“Ele apontou a arma em minha direção. Eu efetuei o disparo antes que ele conseguisse atirar. Atingi o abdômen dele”, afirma o sargento da Polícia Militar Márcio Alves.
Só o segundo tiro atingiu Wellington, que logo depois se suicida.
Os policiais revistam a escola. Quatro crianças foram mortas na sala da professora Leila. Oito, na sala da professora Patrícia.
O corpo de Wellington escorrega, e chega à posição em que as imagens o mostraram durante a semana.
A polícia não consegue controlar a entrada dos pais. Em meio ao caos, as câmeras da escola registram a aflição do menino Edson.Por quase dez minutos, ele agoniza no corredor da escola. Policiais militares chegam a passar muito perto dele. Na confusão, ele acena, algumas pessoas param. Mas ninguém o socorre.
Finalmente, os bombeiros chegam. Edson, de 15 anos, é então levado ao o Hospital Albert Schweitzer. Está internado em estado grave.
A PM do Rio enviou uma nota ao Fantástico:
“A PM prefere aguardar laudos antes de qualquer pronunciamento. Vale lembrar que por alguns minutos havia busca por um segundo atirador. Há também cuidado com feridos no sentido de evitar lesões maiores. Feridos com tiros na região da cabeça, mais graves, eram removidos primeiro”.
As primeiras flores deixadas na escola já estão murchas, mas as pessoas continuam indo prestar suas homenagens. E tentar encontrar uma explicação. As investigações sobre o assassino continuam. E as famílias farão seu luto.

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